Boechat alfineta Rachel Sheherazade após linchamento de mulher por boato: 'tem responsabilidade'



O jornalista âncora do Jornal da Band Ricardo Boechat criticou nesta segunda-feira (5) o estímulo à 'justiça com as próprias mãos' após a morte da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, espancada por dezenas de moradores de Guarujá, litoral de São Paulo. A mulher foi linchada depois de ser confundida com uma retrato falado divulgado em uma rede social e foi acusada de sequestrar uma criança para praticar rituais de magia negra.

"Esse crime, minha gente, tem tanta responsabilidade o autor do boato espalhado pela internet [...] quanto pessoas que mesmo em emissoras de TV estimulam a cultura da 'justiça com as próprias mãos'", comentou o jornalista em referência à jornalista Rachel Sheherazade, do SBT.



Em fevereiro deste ano, Sheherazade defendeu o que chamou de 'legítima defesa coletiva' contra um adolescente que foi torturado e preso a um poste pelo pescoço após cometer um furto. Segundo ela, "num país que sofre de violência endêmica, a atitude dos vingadores é até compreensível", disse a jornalista.

Boechat encerrou o comentário afirmando que "é hora de essas pessoas virem a público e dizer como se sentem diante da consumação de sua própria teoria na prática".



No vídeo, as pessoas aparecem comemorando ao ver Fabiane caída no chão e depois gritam. "Meu Deus do Céu", diz uma pessoa. "Já era", responde outra. Fabiane morreu nesta segunda-feira (5) depois de ser espancada por moradores do Guarujá, litoral de São Paulo, no sábado.

Uma mulher chega a gritar várias vezes "não faz isso, não" quando outra pessoa puxa Fabiane pelo cabelo e deixa a cabeça dela cair no chão em seguida. Um rapaz aparece dando um golpe com uma tábua na dona de casa. Ainda chega um homem de bicicleta e passa por cima da cabeça dela. Outro, amarra a dona de casa pelo pulso e a puxa por alguns metros, com o rosto virado para o chão.

Apesar dos boatos, que se espalharam por redes sociais, a polícia da cidade não registrou nenhum caso do tipo. O advogado Airton Sinto, que representa os familiares de Fabiane, acusa um perfil do Facebook de ajudar a promover o linchamento. Segundo Sinto, no entanto, um retrato falado da suposta "bruxa" que estaria sequestrando crianças para uso em magia negra. Através da página "Guarujá Alerta", os boatos sobre a sequestradora foram repercutidos, mas os donos do perfil se manifestaram em nota dizendo que sempre negaram a notícia. 

O perfil diz que sempre se referiu aos sequestros no bairro de Mourinhos como "boatos" e que o retrato falado divulgado vinha com o aviso "se é boato ou não, vamos ficar alertas". Dizem também repreender que seja feita "justiça com as próprias mãos". Fabiane deixou duas filhas. Ela sofria de transtorno bipolar e fazia tratamento







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