O FILME TEVE ESTREIA HOJE


“Desde o começo, o desafio era: tentar fazer um filme que entretenha, emocione e atinja um público maior – mas que ainda mantenha a seriedade do assunto.” Quem dá esta explicação sobre a proposta de “Xingu”, que estreia nesta sexta-feira (6), é o diretor do trabalho, Cao Hamburger, durante entrevista para jornalistas em São Paulo da qual o  participou. A declaração do cineasta resume, ainda, uma preocupação que ele confessaria adiante: de que o tema se tornasse maior que o próprio filme.


A história é a dos irmãos Villas Bôas. Na década de 1940, fingindo serem sertanejos, eles abandonaram a vida em São Paulo e tomaram parte em expedições pelo centro do Brasil. A partir de então, foram se colocando na linha de frente da chamada “questão indígena”. O ponto alto da trajetória foi a criação, em 1961, do Parque Nacional do Xingu, maior reserva de proteção de índios do país. Os irmãos eram três, Orlando, Cláudio e Leonardo. Por ter regressado muito antes, este último não costuma ser mencionado quando se fala do projeto.
O motivo do desligamento precoce do caçula, segundo mostra “Xingu”, foi um conflito com Orlando – o mais novo engravidara uma índia. E está aí um atributo que, na opinião do diretor, contribuirá com aqueles objetivos apresentados no início. “O filme é focado na história dos três irmãos, e os dramas que os três irmãos viveram nessa saga”, afirma Hamburger. “[São] Dramas pessoais e dramas relacionados à questão em si. Então, a meu ver, são personagens [com] que a gente consegue se identificar. Depois, é uma superprodução...”
Uma superprodução que encontrou dificuldades. Na entrevista coletiva que precedeu a série de conversas com o diretor e com os atores principais, uma das produtoras de “Xingu” comentava: “Foi a produção mais difícil que fizemos, estávamos sujeitos o tempo todo a condições climáticas, 44, 45 graus”. Corria-se também risco de vida, continuou ela. “Num dos nossos sets, tínhamos uma pessoa que era um rastreador de cobras. Num outro ponto, o diretor de fotografia deu de cara com uma onça. É o lugar que mais tem onça no Brasil.”
Cao Hamburger lista outros filmes de temática similar ao seu: “Como era gostoso o meu francês” (1970), “Iracema – Uma transa amazônica” (1976), “Brincando nos campos do senhor” (1981) e “Serras da desordem” (2006). “São filmes importantes, assim, mas não têm essa pegada mais... Sei lá, enfim, a gente tentou fazer entretenimento com conteúdo”, diz o diretor. “[‘Xingu’] Tem uma busca de achar um gênero interessante, que estrategicamente agrade o público e o faça pensar. Porque também fazer um filme que afasta o público, nesse tema, é a coisa mais fácil que tem.”





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