1000 CENI


Um dia para ficar marcado na memória de todo torcedor são-paulino. Feriado, sol, ótimo horário. Ingredientes perfeitos para ir ao estádio e ver um jogo de futebol. E, se for para prestigiar o maior ídolo recente da história do clube, melhor ainda. Desde o meio-dia, uma multidão invadiu as imediações do estádio do Morumbi, palco da partida entre São Paulo e Atlético-MG.
E, para que tudo ficasse perfeito na hora em que o goleiro pisasse em campo, os trabalhos começaram cedo no Cícero Pompeu de Toledo. Por volta do meio-dia, quando imensas filas se formavam na entrada dos portões, um balão de 25 metros de diâmetros foi inflado, com um gigante logo criado especialmente para o evento, com a mensagem: ‘Rogério Ceni 1000 jogos’

A cada meia-hora, chegavam ônibus com crianças das centenas de escolinhas do Tricolor espalhadas pela Grande São Paulo. Os portões foram abertos às 13h, quando o sistema de som começou a tocar um CD de músicas especialmente escolhidas pelo camisa 1 do time do Morumbi. Às 14h, os dois telões montados atrás dos dois gols começaram a exibir o DVD dos 100 gols do maior goleiro artilheiro do mundo.


A ansiedade crescia a cada momento. Cada torcedor que entrava no estádio ganhava o seu kit personalizado, com bandeira, braçadeira de capitão e a réplica do ingresso. Exatamente às 14h47min, o ônibus do São Paulo desceu a avenida Jorge João Saad na contramão, sob rigoroso esquema policial. A Praça Roberto Gomes ficou pequena para tanta festa. Centenas de torcedores começaram a cantar o hino e, claro, a saudar o dono da tarde.
Faltava a entrada no campo. Por volta de 15h30, mil crianças foram posicionadas em volta do gramado com bexigas nas mãos. Às 15h50, titulares e reservas, com exceção de Rogério Ceni, entraram no campo. Reforçados de Luis Fabiano, que foi ovacionado pela torcida, eles colocaram a camisa número 1 especialmente criada para o evento e aguardaram a entrada de Ceni, que ocorreu quatro minutos depois. De mãos dadas com as filhas Claras e Beatriz, ele pisou no gramado sob uma barulhenta queima de fogos. Todas as bexigas foram soltas e o goleiro foi ovacionado pelos 60 mil presentes.


Quando a bola rolou, Ceni ganhou de presente um gol com 25 segundos, marcado por Lucas. Assim que o camisa 7 colocou no canto direito de Renan Ribeiro, o camisa 1 deixou sua meta e olhou para as arquibancadas, vibrando muito.
Minutos depois, porém, o Morumbi ficou quieto quando Rever, de cabeça, deixou tudo igual no marcador. O goleiro manteve seu estilo. Gesticulava muito, pedia movimentação das peças. Em uma cobrança de falta no ataque, foi até o banco de reservas conversar com Adilson Batista. Aos 31, em contra-ataque do Galo, ele deixou a meta e, de cabeça, evitou gol de André. No apito final para o intervalo, Ceni deixou o gol e foi reclamar com a arbitragem sobre o pouco tempo de acréscimos.

O segundo tempo começou com a tensão da obrigação de buscar a vitória atrapalhando o rendimento da equipe tricolor. Sem alterações, Ceni tentava da sua meta inflamar o time, que não reagia em campo. Até que Dagoberto, em jogada individual, marcou um belo gol e recolocou o Tricolor em vantagem. Na volta da comemoração com o banco de reservas, o camisa 25 olhou para o goleiro e aplaudiu, como se estivesse dedicando o gol ao dono da festa desta quarta-feira.
Se no primeiro tempo o Galo ainda teve alguma força ofensiva, na etapa complementar a participação de Rogério Ceni foi notada apenas nas cobranças de tiros de meta ou quando os defensores recuaram a bola para ele. O camisa 1 não fez uma única defesa, muito em função da melhora são-paulina na partida.
Aos 38, logo após Leonardo Silva ser expulso pelo juiz Pericles Cortez, Dagoberto foi derrubado na entrada da área. A torcida pediu para que o goleiro fizesse a cobrança, mas ele preferiu não arriscar. Depois, foi esperar o tempo passar e comemorar. Assim que acabou a partida, todos correram para abraçar e reverenciar o recordista são-paulino que, finalmente, após 90 minutos, pôde abrir um sorriso em campo.
Todos deram as mãos no campo e saudaram o torcedor. Rogério, em companhia do mascote do clube, correu até o grande escudo tricolor no gramado do Morumbi para agradecer à torcida. Ele se ajoelhou e beijou o símbolo do clube. Para completar, fogos de artíficio, numa festa linda e memorável para Ceni e o torcedor são-paulino.
- Isso aqui é a minha vida. Obrigado, amo vocês - disse Ceni, emocionado.







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