Presidente da Siemens diz que não há evidência de propina a servidores Paulo Stark falou aos vereadores de SP na CPI dos Transportes Ele disse ainda não ter achado indício de cartel em outros contratos


O presidente da Siemens no Brasil, Paulo Stark, afirmou nesta quinta-feira (10) que a empresa examinou seus contratos e que não encontrou nenhuma evidência concreta de pagamento de propina a funcionários públicos. Foram encontrados, porém, indícios de prática de cartel repassados ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Durante a reunião, ele abriu a possibilidade de um "eventual acordo" e disse que a empresa tem interesse em "discutir o dano causado" aos cofres públicos. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), entrou na Justiça com um pedido de indenização por causa do suposto cartel nas licitações.
A empresa denunciou ao Cade um suposto cartel formado por empresas em contratos do Metrô em São Paulo e no Distrito Federal e da CPTM. Cartel é um acordo ilegal entre empresas concorrentes para elevar preços de produtos e serviços e obter maiores lucros.

Convocado a falar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes na Câmara Municipal de São Paulo, Stark disse que a investigação interna concluiu que não há suspeitas de cartel em outros processos licitatórios além dos seis relatados ao Cade, sendo cinco licitações do Metrô e da CPTM em São Paulo, e um no Distrito Federal.
Os indícios de cartel repassados ao Cade correspondem ao período de 1998 e 2007. "Escrutinizamos todos os contratos desse período e de período posterior e anterior e não encontramos nenhuma evidência concreta de pagamento de propina em nenhum dos contratos da empresa", afirmou. Uma carta anônima enviada por um executivo da Siemens à Ouvidoria da empresa na Alemanha e que é um dos documentos em poder do Cade dá conta de que houve acertos com funcionários públicos.
Stark afirmou que a empresa investigou todos os grandes contratos com o poder público e que não foram encontrados outros indícios de cartel. Segundo o presidente da empresa, a postura de delatar os indícios de corrupção está fundamentada no conceito de "compliance" introduzido na Alemanha em 2007 após a empresa aparecer em escândalos envolvendo formação de cartel. O conceito foi implantado em 2008 no Brasil. Desde esse ano e até 2012 foi feita a revisão e investigação sobre grandes contratos.
Questionado sobre a demora para que a denúncia fosse feita ao Cade, Stark afirmou que esse tipo de investigação demora porque exige colaboração. "A investigação interna, uma vez que não tem poder de polícia, depende da colaboração de funcionários e ex-funcionários. Esse é um processo bastante complexo", afirmou.

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